Atração Perigosa é mais um grande sucesso...
de crítica comprada
AVISO:
eu conto o final e outros detalhes.
Trama:
Doug MacRay (Ben Affleck) lidera um grupo que assalta bancos e carros
fortes na cidade de Boston. O grupo é de uma gang de descendentes de
irlandeses que vive na comunidade de Charlestown. Logo no início
somos avisados que Chalestown é o maior produtor de assaltantes de
banco do planeta, e que essa “atividade econômica” é comumente
passada de pai pra filho. O próprio Doug é filho de um perigoso
assaltante mas perdeu sua chance de seguir o caminho do bem, passando
pelo vício de drogas e depois “graduou-se” como assaltante de
banco profissional.
Temos
várias visões panorâmicas do bairro como se este fosse o ponto
turístico mais lindo dos Estados Unidos.
Depois do
preâmbulo avisando que estamos conhecendo um ninho de cobras, digo,
de assaltantes de banco, vemos o grupo dando os últimos ajustes para
um assalto planejado a tempos. Logo em seguida o assalto, onde o
assaltante James Coughlin (Jeremy Renner, concorreu ao Oscar de
melhor ator coadjuvante pelo papel), arrasta como refém a gerente
lindinha e insossa Claire Keesey (Rebecca Hall, a Vicky de “Vicky
Cristina Barcelona”), para depois soltá-la na beira da praia.
Visto que
eles ficaram com sua habilitação, sabem onde ela mora e percebem que
são vizinhos. Jem (apelido de James) pretende segui-la para talvez
aterrorizá-la mais ainda com o fito de prevenir alguma possibilidade
de que ela os entregue à polícia. Então o bonitão Doug toma a
frente e resolve que quem vai cuidar disso é ele. Ele a segue e
simula um encontro casual só pra ter certeza de que ela não o
reconhece. Ocorre que o bandido se apaixona pela mocinha, e ele passa
a desejar sair desse mundo do crime. Todavia, os parceiros do crime
são como uma família substituta para Doug, cheias de juramentos e
dívidas passadas.
Esse almofadinha convence que ele é um cara durão? |
Tudo
poderia dar certo, visto que Claire mostra-se disposta a sair dali e
mudar de vida com Doug (que ela nem suspeitava ser bandido). Mas
estorinha de amor com enredo fácil não tem graça, né? O agente
almofadinha do FBI Adam Frawley (Jon Hamm), está vigiando até a
própria Claire e o principal agente do crime, o florista Fergie (o
ótimo Pete Postlethwaite) pressiona Doug para que este continue no
crime e sob o comando dele.
Com
ótimas perseguições de carro e muito tiroteio, o filme é bem o
gosto americano.
E por que
eu não gostei?
Bom, não
há nada de original na trama, tem ótimas cenas de ação, o som é
bom, a estória é previsível mas é bem contada... e só!
Única expressão facial de Affleck |
O que
derruba este cine-entretenimento é que nenhum dos atores principais
interpreta! A cara de Affleck é a mesma do início ao fim. Nem num
momento dramático em que ele conta sobre o dia em que a mãe dele
desapareceu há alguma expressão facial. A lindinha Rebecca Hall mal
sustenta uma personagem sem sal e sem profundidade, além de sequer
saber fingir que tá chorando! Aliás, o romance entre os dois parece
daqueles de lésbica com gay, não convence ninguém que ali há um
relacionamento amoroso e sexual. E o agente do FBI, todo machão e às
vezes violento, é arrumadinho demais para o personagem.
Outro
cacoete estranho é que Doug gosta de ficar olhando os aviões
riscando o céu... isso quer dizer o quê?
Além
desse problemas de composição de personagens e da mediocridade do
casal Affleck/ Hall, o final é de gosto duvidoso com um toque de
bizarrice:
Pense num casal sem tesão! |
Mocinha
encontra enterrado no jardim comunitário uma bolsa com um dinheirão
roubado, uma cartinha de despedida do bandido-amante e... uma
tangerina (!!!). Teve gente que disse que eles tinham combinado se
mudar pra uma cidade com nome de fruta (não há esse diálogo no
DVD). Curioso é que a mocinha vai direto onde está o roubo
escondido (deve ser ali a única área onde ela escava a terra, pois
o canteiro é grande), daí a tangerina escondida embaixo de pacotes
de dinheiro não se encontrar apodrecida. Aparentemente sem
pestanejar, ela doa todo o dinheiro pra instituição educativa para
crianças de Charlestown, em homenagem à mãe desaparecida do
bandido. Dinheiro roubado não deveria ser devolvido?
Olha como o bandido arrependido sofre! |
Duvido
seriamente que a aclamação da crítica foi comprada pela produção.
Suponho
que deve acontecer o seguinte: compra-se os críticos que estão mais
em alta, os outros seguem a onda. Porque certamente há muitos
“críticos” que nem sequer viram o filme, mas para dar satisfação
aos seus leitores ávidos por leitura, apenas copiam as opiniões da
grande mídia.
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