Dublagens
Limpinhas
Sabemos que os brasileiros, em geral, não formamos uma sociedade
pudica que morre de vergonha de falar palavrão. Mesmo em ambiente de
trabalho é comum ouvirmos “porra”, “caralho”, “tomei no
cu”, “to fodido”, “puta que pariu”.
Então, por qual razão misteriosa as dublagens dos filmes em inglês
para o Brasil são tão pudicas?
Cameron Diaz, in Bad Teacher |
Na obra Winter's Bone, (EUA, 2010), de Debra Granik, que tiveram o mau gosto de colocar o título nada a haver “Inverno da Alma”, há um momento em que a protagonista (Jennifer Lawrence, que concorreu ao Oscar de melhor atriz pelo papel) diz my ass you will, se referindo à proposta de Blond Milton de cuidar do irmão dela, aí traduziram pudicamente: nem me matando. O certo seria: meu cu que você vai cuidar dele! O próprio contexto de uma família de gente pobre e marginalizada já seria o suficiente para sustentar uma tradução mais próxima do original.
Annette Bening, in The Kids Are All Right |
Aí vem a pergunta que não quer calar: de onde tiraram a noção de
que é melhor filme sem palavrão?
Por outro lado, já constatei um estranho comportamento em gente que
fala “porra, caralho, buceta, puta que pariu, vai tomar no cu”
assim, como quem diz “oi, tudo bem”, me dizer que não gostou de
tal filme porque falava muito palavrão... pense!
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