domingo, 29 de abril de 2012

Atração Perigosa é mais um grande sucesso...

de crítica comprada



Atração Perigosa (The Town, EUA, 2010), de Ben Affleck. Rottentomatoes: 94%, IMDB: 7,6

AVISO: eu conto o final e outros detalhes.





Trama: Doug MacRay (Ben Affleck) lidera um grupo que assalta bancos e carros fortes na cidade de Boston. O grupo é de uma gang de descendentes de irlandeses que vive na comunidade de Charlestown. Logo no início somos avisados que Chalestown é o maior produtor de assaltantes de banco do planeta, e que essa “atividade econômica” é comumente passada de pai pra filho. O próprio Doug é filho de um perigoso assaltante mas perdeu sua chance de seguir o caminho do bem, passando pelo vício de drogas e depois “graduou-se” como assaltante de banco profissional.

Temos várias visões panorâmicas do bairro como se este fosse o ponto turístico mais lindo dos Estados Unidos.

Depois do preâmbulo avisando que estamos conhecendo um ninho de cobras, digo, de assaltantes de banco, vemos o grupo dando os últimos ajustes para um assalto planejado a tempos. Logo em seguida o assalto, onde o assaltante James Coughlin (Jeremy Renner, concorreu ao Oscar de melhor ator coadjuvante pelo papel), arrasta como refém a gerente lindinha e insossa Claire Keesey (Rebecca Hall, a Vicky de “Vicky Cristina Barcelona”), para depois soltá-la na beira da praia.

Visto que eles ficaram com sua habilitação, sabem onde ela mora e percebem que são vizinhos. Jem (apelido de James) pretende segui-la para talvez aterrorizá-la mais ainda com o fito de prevenir alguma possibilidade de que ela os entregue à polícia. Então o bonitão Doug toma a frente e resolve que quem vai cuidar disso é ele. Ele a segue e simula um encontro casual só pra ter certeza de que ela não o reconhece. Ocorre que o bandido se apaixona pela mocinha, e ele passa a desejar sair desse mundo do crime. Todavia, os parceiros do crime são como uma família substituta para Doug, cheias de juramentos e dívidas passadas.
Esse almofadinha convence que ele é um cara durão?

Tudo poderia dar certo, visto que Claire mostra-se disposta a sair dali e mudar de vida com Doug (que ela nem suspeitava ser bandido). Mas estorinha de amor com enredo fácil não tem graça, né? O agente almofadinha do FBI Adam Frawley (Jon Hamm), está vigiando até a própria Claire e o principal agente do crime, o florista Fergie (o ótimo Pete Postlethwaite) pressiona Doug para que este continue no crime e sob o comando dele.

Com ótimas perseguições de carro e muito tiroteio, o filme é bem o gosto americano.

E por que eu não gostei?

Bom, não há nada de original na trama, tem ótimas cenas de ação, o som é bom, a estória é previsível mas é bem contada... e só!

Única expressão facial de Affleck
O que derruba este cine-entretenimento é que nenhum dos atores principais interpreta! A cara de Affleck é a mesma do início ao fim. Nem num momento dramático em que ele conta sobre o dia em que a mãe dele desapareceu há alguma expressão facial. A lindinha Rebecca Hall mal sustenta uma personagem sem sal e sem profundidade, além de sequer saber fingir que tá chorando! Aliás, o romance entre os dois parece daqueles de lésbica com gay, não convence ninguém que ali há um relacionamento amoroso e sexual. E o agente do FBI, todo machão e às vezes violento, é arrumadinho demais para o personagem.

Outro cacoete estranho é que Doug gosta de ficar olhando os aviões riscando o céu... isso quer dizer o quê?

Além desse problemas de composição de personagens e da mediocridade do casal Affleck/ Hall, o final é de gosto duvidoso com um toque de bizarrice:

Pense num casal sem tesão!
Mocinha encontra enterrado no jardim comunitário uma bolsa com um dinheirão roubado, uma cartinha de despedida do bandido-amante e... uma tangerina (!!!). Teve gente que disse que eles tinham combinado se mudar pra uma cidade com nome de fruta (não há esse diálogo no DVD). Curioso é que a mocinha vai direto onde está o roubo escondido (deve ser ali a única área onde ela escava a terra, pois o canteiro é grande), daí a tangerina escondida embaixo de pacotes de dinheiro não se encontrar apodrecida. Aparentemente sem pestanejar, ela doa todo o dinheiro pra instituição educativa para crianças de Charlestown, em homenagem à mãe desaparecida do bandido. Dinheiro roubado não deveria ser devolvido?

Olha como o bandido arrependido sofre!
Bem, o bandido termina numa casa tranquila na beira de um lindo lago! Tadinho, sofrendo tanto porque não pode ficar com a amada! É verdade que o bandido já dava sinais de que estava se tornando um espírito mais iluminado, pois ele nem álcool tomava mais antes de conhecer a mocinha. Mas, entender que se afastar da namorada já é pagamento suficiente pelos crimes violentos que cometeu não é ser romântico demais?

Duvido seriamente que a aclamação da crítica foi comprada pela produção.

Suponho que deve acontecer o seguinte: compra-se os críticos que estão mais em alta, os outros seguem a onda. Porque certamente há muitos “críticos” que nem sequer viram o filme, mas para dar satisfação aos seus leitores ávidos por leitura, apenas copiam as opiniões da grande mídia.